quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Manuel de Oliveira

Tem piada uma pessoa com quem não tenho grande afinidade, embora tenha enorme respeito, e por grande falha minha, nem sou médio conhecedor da sua obra, embora adore cinema em todas as suas formas. Se calhar por pertencer a uma geração completamente abalroada pelo Império Americano (não, não tenho nada contra os EUA), seja nas suas influências musicais, literárias e principalmente cinematográficas, se calhar por ter trabalhado muitos anos em animação e ter um problema visceral com os subsídios do ICA, ou mais provavelmente por não ser hipócrita e dar uma de pseudo-intelectual que adora a arte do mestre sem nunca ter visto um filme dele até ao fim.
Mas á pouco numa reportagem sobre o senhor que ultrapassou a barreira dos 102 ele disse duas frases que gostei imenso:
1ª "...a única coisa que nos vence é a morte...";
É uma enorme verdade, é a única coisa que nos vence e também a única coisa que nos é certa. Fiquei a pensar porque do alto dos seus 102 anos, já devia tratar a morte por tu têm praticamente a mesma idade, com essa idade já não se teme de certeza a morte, deve-se mesmo rir á gargalhada cada vez que ela é mencionada. Fazer piadas tipo ela ficou de passar lá em casa á 20 anos mas tinha a morada errada e até hoje não encontrou a rua.
Depois de mais um bocado com esta frase a bater nas tabelas da caixa que carrego em cima dos ombros, mudou-se o sentido da morte, não a nossa mas a dos outros, aqueles que nos são próximos, a saudade que esta nos deixa, e aí os seus 102 e dois anos pesaram-me nos ombros. Porra deve ser muito difícil. Portanto senhora morte não tendo qualquer duvida que me vai vencer, faço-lhe um pedido que me vença pela minha e não pela daqueles que me são queridos.
2ª"...entre a dúvida e a fé, fica a fé que é mais forte..."
A Fé, adoro a fé, é preciso ter fé. É um sentimento tão fora de moda quase marginalizado, mas provavelmente é o mais importante para todos os homens. Uma vez em amena cavaqueira, já com os copos a mais, com um padre que gosto de considerar amigo depois do mítico jogo Portugal-Inglaterra no Euro 2004, em que Ricardo tem aquela fabulosa frase " tão pequenos mas com uma vontade tão grande"*) cheguei a esta conclusão a fé é a coisa mais importante. Posso acreditar em Buda, acreditar em Deus, Allah, Shiva, Iemanjá, principalmente acredito no Homem e acima de tudo tenho de acreditar em mim, acreditar que sou sempre capaz de fazer melhor, que vou ser sempre uma melhor pessoa.
Obrigado mestre por esta aula de filosofia, e prometo que um dia vou dar atenção devida á sua obra.


*(esta fica para outra ocasião)

Respeito é algo que respeito (parva a redundância).

É de uma inocência ridícula esperar das pessoas aquilo que estamos dispostos a dar, mas sou assim e não consigo mudá-lo por mais que tente. E há algo que eu dou a toda a gente, quero sejam bonitos ou feios, altos ou baixos, gordos ou magros, homens ou mulheres: Respeito. Não me interessa nada como uma pessoa se veste, o que é que faz ou fez na vida, e até posso não gostar nada dessa pessoa mas respeito-a, sempre. Acredito piamente que ninguém é melhor que ninguém, somos todos pessoas com dezenas de qualidades e milhares de defeitos, mas somos pessoas e devemos tratar-nos como tal.
Sempre pensei assim mas hoje deparei-me com uma situação em que descobri que tenho fobia a que alguém pense que eu não a respeito, (ainda não googlei para ver se esta fobia já existe, mas se não existia aqui fica o meu contributo para a humanidade). 
Uma situação estranha gerada por uma brincadeira, mas que dentro da minha cabeça tomou proporções astronómicas, fez-me perceber que afinal o respeito é muito mais importante, não o que eu tenho pelos outros mas aquele que os outros acham que tenho por eles.


tempo

Tento lembrar-me não sei bem do quê, de algo que fortaleça a memória, algo que traga algum conforto que torne esta distância temporal um pouco mais curta. Vasculho desesperadamente a memória com um sentimento de culpa avassalador, e a culpa que sinto é apenas dos dias que passam, hoje já me começam a molestar as horas.
Porque é que o tempo passa? Aquele que supostamente tudo cura, mas que na realidade apenas  nos afasta de algo que aconteceu algures no tempo. De repente esse senhor de longas barbas brancas com uma ampulheta na mão (pelo menos é assim que o imagino), figura que seria até bastante simpático assemelha-se a algo odioso pelo qual sinto enorme repulsa. E só penso o quanto ele me tem tentado me afastar Dela, continuo sem perceber porquê, porque é que o tempo insiste em passar. PÁRA, já chega quero ficar um pouco aqui, queria ter ficado á dois anos atrás mas na altura não me lembrei de te dizer para parares.
 Explica-te, porque é tudo tem velocidades porque é tu és constante e sempre igual? Porque é que um dia tem vinte e quatro horas? Seria assim tão complicado ter duzentas e quarenta?
É estupido, eu sei, e absolutamente egoista querer que o tempo se mova á velocidade que me apraz mas hoje apetecia-me, hoje apetecia-me mesmo.