Sei que não nasci para escrever, mas neste momento a revolta é tanta que tem de sair de qualquer maneira, e esta á aquela, onde o grito se pode ouvir mais longe.
Estou a trabalhar e numa pausa para viajar pelo mundo e diminuir o stress fui à net, de repente num site de noticias, li uma que me deixou chocado:
Maria João Pires renuncia à nacionalidade portuguesa.
Isto tudo porque Maria João Pires, quis fazer um projecto, em Belgais (distrito de Castelo Branco), para educar as nossas crianças o que num País liderado por "quase gente" deve ser a coisa mais parecida com um crime que se pode fazer.
Ok, não sei exactamente todos os contornos do sucedido, mas passa por algo como atraso nos apoios do Ministério da Cultura e falta de pagamentos á segurança social e ás finanças. Mas o que é que isto importa quando uma das melhores pianistas clássicas da actualidade monta um projecto para desenvolver a cultura de uma zona já por si abandonada.
Claro que não há grande interesse em daqui a dez quinze anos termos uma mão cheia de músicos de referência a nível mundial, isso não vende Magalhães, e mesmo que assim não fosse só o facto de haver jovens a ser educados atravéz da música, não dos morangos com açúcar e da playstation é para mim benesse suficiente para se tentar chegar a uma solução que viabilizasse todo este projecto.
Ainda não estou em mim e a minha cabeça não pára de pensar no assunto, e lembro-me de uma coisa, num país onde tão avidamente se discute a naturalização do Liedson ou do Deco, em que Nelson Évora, Naide Gomes ou Francis Obiqwelo foram um bem maior para o nosso atletismo. Vamos perder um "Maradona" do piano, só porque esta "quase gente", que nos governa, não sabe o que é cultura e não quer com certeza que os outros saibam.
Estamos condenados a ser fãs do Tony Carreira, a ver figurantes de quinta categoria a representar em novelas com argumentos fatelas, obcecados com um futebol de qualidade duvidosa com dirigentes taberneiros. Estou certo que com esta "quase gente" arrogante e ridícula a governar-nos e a fazer caretas na assembleia da republica, quando se dignam a lá aparecer nunca seremos mais que nada.
Peço-lhe sinceramente desculpa Maria João Pires, desculpa por ser Português. Espero que reconsidere e que nunca deixe de ser Portuguesa jamais um País poderá renunciar um talento como o seu, e com toda a certeza pode renunciar á cidadania mas Portugal nunca se há-de renunciar a si.